Como transformar a Ucrânia num "porco-espinho de aço"

É um mamífero protegido por vários espinhos que servem como proteção contra eventuais predadores. “O porco-espinho”, este de aço, é a metáfora utilizada por vários países europeus para o futuro da Ucrânia após o conflito — um Estado soberano capaz de evitar uma nova invasão da Rússia. Para tal, Kiev deve dispor de Forças Armadas fortes e capazes de dissuadir eventuais agressores, assim como do apoio de aliados da NATO. Porém, a Rússia já se manifestou contra este plano e prometeu que não permitirá que o vizinho adote esta estratégia defensiva.
Esta tática do “porco-espinho de aço” não é totalmente nova e foi emprestada da região do Pacífico. Taiwan tem também adotado essa doutrina militar, de maneira a evitar uma invasão pela China, sempre iminente. No caso da Ucrânia, um país que já foi atacado, a estratégia tem de ser ainda mais forte. A ideia tem sido apoiada por várias personalidades, em particular pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que tem repetido a expressão em várias intervenções públicas que tem feito sobre o conflito.
Ainda esta quinta-feira, antes da reunião da Coligação da Boa Vontade, Ursula von der Leyen repetiu que é necessário que a Ucrânia se converta num “porco-espinho de aço”. Ainda que permaneçam algumas dúvidas sobre o que concretamente significa esta expressão, a presidente da Comissão Europeia tem destacado que é necessário “construir uma força multinacional apoiada pelos Estados Unidos” e “reforçar a postura defensiva da Europa”. Dito de outro modo, a dirigente europeia admite que será necessário colocar tropas no terreno depois de o conflito terminar — e os europeus terão de contribuir para isso.

▲ Presidente da Comissão Europeia é a que mais vocal tem sido sobre a estratégia do "porco-espinho de aço"
OLIVIER MATTHYS/EPA
Potências nucleares, França e Reino Unido lideram a iniciativa de enviar tropas para a Ucrânia no pós-conflito. Esta quinta-feira, durante a reunião da Coligação da Boa Vontade em Paris, o Presidente de França, Emmanuel Macron, adiantou que 26 países se comprometeram em apoiar forças de segurança em território ucraniano. Não se sabe quais são os Estados em concreto, mas estarão presentes em “terra, no mar e no ar”. Alguns darão apenas apoio logístico — como já prometeram os Estados Unidos.
Há, contudo, um grande obstáculo. A Rússia já garantiu que não vai tolerar tropas estrangeiras na Ucrânia. Aliás, o Presidente russo, Vladimir Putin, deixou, esta sexta-feira, um aviso aos líderes que decidam colocar militares em território ucraniano: estas forças de segurança serão “alvos legítimos”. “Se há decisões que conduzem à paz, à paz duradoura, não vejo qualquer sentido na sua presença no território da Ucrânia”, declarou o chefe de Estado da Rússia.
Por sua vez, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, defendeu que não deve caber à Rússia decidir as garantias de segurança à Ucrânia no pós-conflito. Num desafio ao Kremlin, o líder da aliança transatlântica destacou que a Ucrânia é um “país soberano”: “Não cabe à Rússia decidir o que a Ucrânia quer”. “A Finlândia não pediu à Rússia aprovação para se juntar à NATO. Somos nações soberanas. Se a Ucrânia quer forças de segurança para apoiar a paz, cabe-lhe decidir isso.”
"A Finlândia não pediu à Rússia aprovação para juntar-se à NATO. Somos nações soberanas. Se a Ucrânia quer forças de segurança para apoiar a paz, cabe-lhe a eles."
Mark Rutte, secretário-geral da NATO
Numa guerra cujo fim ainda parece estar longe, este tópico será um dos pontos da discórdia em eventuais negociações de paz. Por um lado, a Europa e a NATO pretendem dar garantias robustas de segurança à Ucrânia, de modo a construir uma nova arquitetura securitária na sequência da guerra. Por outro, a Rússia começou a invasão a exigir a “desmilitarização” do país vizinho — e tropas estrangeiras corresponderiam a uma linha vermelha.
A última reunião de Coligação da Boa Vontade contou com mais de 30 países participantes, incluindo Portugal. Antes do encontro, havia a expectativa de que fosse apresentado um plano concreto de quais seriam as garantias de segurança que os países que integram aquele grupo de Estados estariam dispostos a providenciar à Ucrânia. O enviado especial da presidência norte-americana, Steve Witkoff, também esteve presente no início do encontro, que terminou com uma chamada para o Presidente norte-americano, Donald Trump.
No final do encontro, não existiu a clareza que se esperava inicialmente, mas houve algumas pistas que foram deixadas sobre os eventuais planos. Nas suas declarações públicas, Ursula von der Leyen voltou a usar o termo “porco-espinho de aço” que se deve tornar “indigesto para predadores atuais e futuros”. E deixou os três vetores dessa estratégia que espera vir a ser aplicada na Ucrânia pós-conflito.

▲ Reunião da Coligação das Vontades esta quinta-feira no Palácio do Eliseu
POOL/AFP via Getty Images
A estratégia do “porco-espinho de aço” está inevitavelmente ligada a “forças armadas fortes, bem equipadas e modernas”. “As nossas indústrias de defesa estão a acelerar a cooperação para garantir que isso acontece. A Europa vai continuar a treinar os soldados ucranianos. Quase 90 mil já foram treinados. E nós estamos comprometidos a fazer mais”, salientou a presidente da Comissão Europeia, num comunicado publicado depois do encontro da Coligação da Boa Vontade.
“A segunda camada são as forças de segurança”, destacou Ursula von der Leyen, assinalando que 26 países estão dispostos “a colocar tropas no terreno, no ar e no mar”. “Isto deve assegurar uma paz duradoura e deter uma agressão futura”, considera a presidente da Comissão Europeia, acrescentando, no entanto, que será preciso o apoio norte-americano.
O terceiro ponto é uma “postura forte e credível” da Defesa europeia. “Precisamos de mais investimento na Defesa”, disse Ursula von der Leyen, salientando que a União Europeia (UE) está a permitir o aumento dos gastos de Defesa dos 27 Estados-membros. O bloco comunitário deve ser assim capaz de mostrar à Rússia que consegue responder a ameaças — e o Kremlin deve entender que a resposta será “devastadora” caso invada novamente a Ucrânia ou arrisque mesmo atacar um país europeu.

▲ Von der Leyen prometeu continuar o treino a soldados ucranianos
STR/EPA
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, depois da reunião, garantiu que existe a “base para o plano” de tornar a Ucrânia num “porco-espinho de aço”, quer em “termos de forças”, quer em termos de “passos concretos” que serão tomados no futuro. Sobre as tropas no terreno, o elemento central, o chefe de Estado assinalou que já ficou “definido que países vão participar em que componentes de segurança”: “Em terra, ar, mar, ciberespaço e até aqueles que, sem as suas próprias forças, podem contribuir financeiramente. Isso também inclui especificidades na produção”.
Para o líder ucraniano, terá de haver umas Forças Armadas “fortes” — e isso inclui várias vertentes, como o “financiamento, as armas e a produção” de equipamentos bélicos. No entanto, Volodymyr Zelensky deixou críticas ao investimento de defesa da Europa. “Notamos que as linhas de produção europeias não estão a funcionar de forma satisfatória”, lamentou o chefe de Estado, apelando a que se aumente não só a velocidade, como o número de armas produzidas.
“A Ucrânia tem, por si, uma capacidade de produção pouco aproveitada devido à falta de financiamento”, lamentou, realçando, porém, que “quase 60% de todas as armas são produzidas na Ucrânia”. “Os ucranianos têm sucesso nisto e todos os países europeus devem também ter sucesso no âmbito da produção [de armas]”, prosseguiu Volodymyr Zelensky.
"Notamos que as linhas de produção europeias não estão a funcionar de forma satisfatória."
Volodymyr Zelensky, Presidente da Ucrânia
Durante décadas, os europeus adotaram políticas que reforçaram a dependência em relação ao complexo militar-industrial norte-americano. Em 2025, os europeus continuam a precisar de armas e equipamentos de guerra dos Estados Unidos, cujo poderio militar é inevitavelmente maior. Com vozes isolacionistas a ganhar preponderância dentro da administração Trump, Volodymyr Zelensky defende que “a liderança tecnológica da Europa é criticamente importante”: “A Europa deve liderar. É precisamente isso que queremos promover ao mesmo tempo que elaboramos as garantias de segurança para a Ucrânia”.
Garantir que a Ucrânia se converte num “porco-espinho de aço” passa, assim, igualmente por fortalecer as capacidades bélicas europeias — e vai mais além do que tropas no terreno. Aliás, ainda esta quinta-feira, o Financial Times noticiou que os Estados Unidos vão cortar alguns dos fundos disponibilizados aos programas de segurança que apoiavam os países fronteiriços com a Rússia, como os países bálticos.
Esta nova estratégia securitária para a Ucrânia será principalmente um esforço dos países europeus. Os Estados Unidos vão prestar apoio logístico e estratégico (e até pode ajudar a vigiar o espaço aéreo de uma zona desmilitarizada), mas não vão além disso. A administração Trump recusa-se também a enviar armas para território ucraniano — são agora os restantes Estados-membros da NATO a financiá-las, mesmo que Washington as disponibilize.
Embora os Estados Unidos tenham mudado a abordagem, numa conferência de imprensa ao lado de Emmanuel Macron em Paris no final da última reunião da Coligação da Boa Vontade, Volodymyr Zelensky assegurou que é “importante” que Washington “esteja do lado” da Europa: “Muitas coisas dependem deles”. O Presidente francês preferiu usar o termo “rede de segurança norte-americana”, mas não deixou de realçar a sua importância.
Tropas no terreno. A proposta da Coligação da Boa Vontade e a zona desmilitarizadaJá há um plano, já há países a comprometerem-se, já há documentos a serem preparados para mobilizar forças de segurança ocidentais para a Ucrânia nos pós-conflito, que ajudará o país a tornar-se no tal “porco-espinho de aço”. O Presidente francês já mencionou o envio de “alguns milhares de homens”, numa força que “não tem como objetivo manter uma linha da frente ou envolver-se num conflito intenso, mas demonstrar solidariedade de um ponto de vista estratégico”.
Em terra, Emmanuel Macron falou em “milhares de homens” e Volodymyr Zelensky já comentou os rumores que circulam nos meios de comunicação social ucranianos de que poderão ser 10 mil homens, ainda que não tenha confirmado esse dado esta sexta-feira: “Não vou falar sobre o número exato, mas o que importa é que estamos a ter conversas. Não serão centenas, mas milhares. É um facto, mas ainda estamos numa fase precoce para entrar em detalhes”.

▲ Donald Trump quer que Ucrânia contribua mais para a segurança da Europa
AFP via Getty Images
Os jornais ucranianos avançam números mais ambiciosos: serão entre 25 a 30 mil homens. A missão seria liderada pelo Reino Unido, havendo dez países da Coligação da Boa Vontade que concordaram em enviar tropas para o terreno. Além de britânicos e franceses, militares dos Países Baixos, da Austrália, do Canadá, de países nórdicos e bálticos poderiam ser mobilizados para território ucraniano.
Em contrapartida, se bem que possam fornecer outros apoios, Bulgária, Itália, Finlândia, Polónia e Roménia já garantiram que não enviarão tropas para a Ucrânia. A Alemanha ainda está indecisa, esperando por mais detalhes. Um porta-voz do governo germânico prometeu uma decisão para quando “os moldes do acordo forem mais claros”: “Isto quer dizer entender o grau e a extensão do envolvimento norte-americano, assim como o resultado do processo de negociação, entre outros fatores”.
No mar, a Turquia desempenhará um papel essencial na vigilância da navegação no Mar Negro, cujo acesso através das passagens turcas do estreito de Bósforo e Dardanelos foi encerrado por Ancara no início do conflito. “Os turcos fazem parte da Coligação da Boa Vontade e são responsáveis pelo desenvolvimento do plano para o Mar Negro”, adiantou o chefe do Estado-Maior da Marinha francesa, o almirante Nicolas Vaujour, acrescentando que “certas áreas terão de ser desminadas” para garantir a segurança do tráfego marítimo. A Bulgária também terá um papel a desempenhar.

▲ Turquia terá um papel preponderante a vigiar as águas do Mar Negro
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Ainda permanecem várias dúvidas sobre a componente aérea e antiaérea — e quem a asseguraria. No final de agosto, Financial Times já adiantou que os Estados Unidos se ofereceram a desempenhar um papel nesta vertente das garantias de segurança ucranianas. O Washington Post escreveu esta quinta-feira que a administração Trump poderia providenciar sistemas de defesa aérea para montar um escudo aéreo. Ao mesmo tempo, Donald Trump garantiu a partilha de informações confidenciais com os países que estiverem no terreno.
Uma fonte europeia ressalvou, contudo, que, apesar dos EUA defenderem os céus ucranianos, ainda estão indecisos sobre se essa iniciativa envolveria aeronaves, drones e pilotos norte-americanos. Publicamente, sobre os planos, Emmanuel Macron remeteu esclarecimentos para mais tarde e explicou que isso tem um motivo estratégico. O motivo? “Não queremos dar os detalhes da nossa organização à Rússia”. No entanto, existe a suspeita de que os europeus ainda estão à espera da confirmação da “rede de segurança” norte-americana.
Ao New York Times, Martin Quencez, pertencente ao think tank German Marshall Fund, disse que ainda não se sabe “se os Estados Unidos estão prontos para providenciar o apoio na retaguarda que muitos dos países esperam”. Os sinais são “positivos”, classifica o especialista, mas ainda não se materializaram em nada. No entanto, numa entrevista em meados de agosto, Donald Trump já se manifestou “pronto para ajudar” a missão, provavelmente “em termos aéreos”, desde que os europeus enviem homens para o terreno.

▲ Donald Trump oferece proteção aérea à força liderada por França e Reino Unido
RADEK PIETRUSZKA/EPA
Esta missão ocidental não estaria, realçou Emmanuel Macron, “perto da linha da frente”, mas sim em “áreas que ainda estão a ser definidas” dentro de território ucraniano. Em paralelo, os Estados Unidos talvez possam desempenhar um papel mais importante numa zona desmilitarizada. Esta hipótese está a ser discutida pelo Pentágono e foi avançada esta sexta-feira pelo canal norte-americano NBC.
Essa zona desmilitarizada estaria perto da atual linha da frente e estaria localizada na fronteira entre territórios da Ucrânia e territórios ocupados pela Rússia na Ucrânia, se bem que não esteja bem definida onde é que seria. Os Estados Unidos teriam a responsabilidade de vigiar esta região, usando drones e satélites para o efeito, num esforço de coordenação com outros países. Seria uma segunda missão, esta mais ambiciosa e exigente.
A segurança desta região poderia ser vigiada por tropas de países da NATO ou até, segundo diz a NBC, de países fora da aliança transatlântica, como a Arábia Saudita ou o Bangladesh. Existe, porém, uma certeza: não haverá tropas norte-americanas em território ucraniano, mesmo que as principais responsabilidades desta zona desmilitarizada sejam atribuídas a Washington.

▲ Estados Unidos sugerem vigiar uma zona desmilitarizada na Ucrânia
YEVHEN TITOV/EPA
Perante todos estes planos, a posição da Rússia tem sido inflexível: o país não vai aceitar tropas estrangeiras na Ucrânia, tentando assim inviabilizar a estratégia do “porco-espinho de aço” desenhada pelos países europeus. O Kremlin não recusa encetar negociações com os Estados Unidos sobre garantias de segurança, mas desde que esta linha vermelha não seja ultrapassada.
“Não podemos concordar com o facto de que vamos resolver questões de segurança, de segurança coletiva, sem a Federação Russa. Não vai funcionar”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, em meados de agosto. “Tenho a certeza de que no Ocidente e, acima de tudo, nos Estados Unidos entendem perfeitamente bem que discutir questões de segurança sérias sem a Federação Russa é uma utopia, é uma estrada que não leva lado nenhum.”
As críticas foram ainda mais fortes no decorrer e após a reunião da Coligação da Boa Vontade. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, foi categórica: “A Rússia não vai discutir uma completamente inaceitável intervenção estrangeira na Ucrânia em qualquer forma ou formato”. A responsável diplomática denuncia que os “fazedores de guerras ocidentais” veem a Ucrânia como um “terreno” para “treinar as suas armas”.
"A Rússia não vai discutir uma completamente inaceitável intervenção estrangeira na Ucrânia em qualquer forma ou formato."
Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia
A mesma ideia foi transmitida por Vladimir Putin: Moscovo não tolera tropas estrangeiras na Ucrânia. Para invadir o país vizinho, a Rússia usou três argumentos: a desnazificação, a desmilitarização e a aproximação de Kiev à NATO. Neste sentido, o Kremlin não alterou a sua abordagem: a Ucrânia deve manter-se um país mais que não seja neutro e não deve representar um perigo para a Federação Russa.
A Rússia também tem uma ideia distinta de garantias de segurança. Encarando a Ucrânia como um país dentro da sua ‘zona de influência’, Moscovo pretende que o país nunca entre na NATO, algo que Vladimir Putin classificou recentemente como “inaceitável”. “A segurança de um país não pode ser à custa da segurança de outro país, neste caso da Federação Russa”, justificou o Presidente russo.
Outro ponto em que a Rússia diverge tem a ver com uma redução das Forças Armadas ucranianas, um dos vetores para tornar a Ucrânia num “porco-espinho de aço”. O Kremlin pretende que as tropas de Kiev tenham menos homens e menos armas. “O cenário ideal para a Rússia é que a Ucrânia fique sem defesas e se subjugue”, disse ao New York Times, Samuel Charap, especialista pertencente ao think tank Rand Corporation.

▲ Presidente russo tem reiterado que não permitir tropas estrangeiras na Ucrânia
VYACHESLAV PROKOFYEV / SPUTNIK / KREMLIN POOL/EPA
A Europa pretende que nenhum “predador” volte a atacar o “porco-espinho”. Porém, o agressor continua a desencadear uma guerra contra um país que quer ver subjugado e sem soberania. A Rússia vai continuar a opor-se à estratégia dos europeus. “Num desfecho negocial positivo, ambos os lados seriam capazes de se defenderem sem se ameaçarem um ao outro”, sustentou Samuel Charap. Entre estes dois polos, os Estados Unidos parecem ser os únicos que podem quebrar este impasse.
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